Desde o Brasil colonial surgem oliveiras esparsas aqui e acolá, em pomares cultivados por imigrantes portugueses e espanhóis. Mas, só agora, séculos depois, chega ao mercado o primeiro exemplar de azeite brasileiro
Foi numa pequena propriedade rural, em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, que o Olivas do Sul foi gerado --e, depois de cinco anos de experimentações, alcança as gôndolas da Casa Santa Luzia (SP) e da rede de supermercados Zona Sul (RJ).
Em Estados como Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina despontam ações similares, concentradas por órgãos públicos de pesquisa agropecuária, de apoio e incentivo a tecnologias agrícolas, e por empreendimentos de pequenos produtores.
São iniciativas como a da fazenda Maria da Fé, em Minas, que ajudam a quebrar o mito de que o Brasil não tem solo nem clima propícios para essa cultura, como os da região do Mediterrâneo. Ali se faz experimentos com material genético vivo, de oliveiras do mundo inteiro.
Dos testes, já surgiram oito variedades genuinamente brasileiras --quatro já registradas no Ministério da Agricultura como patrimônio do Brasil, no final de 2010.
Basta que se crie bom cenário para o cultivo das oliveiras para que o azeite deslanche. Isso inclui adubação adequada e solos drenados --com pequenas elevações que permitem que a água da chuva, mais abundante no Brasil, escoe.
Mais determinante ainda é o clima: é preciso ter um longo período de frio para que as oliveiras floresçam, se polinizem e deem frutos. Essas condições já foram alcançadas.
Existem entraves: maquinários caros (importados); terrenos com declives --que exigem colheita manual dispendiosa e lenta (aquela que lembra a apanha de antigamente em países como a Espanha, registrada nos escritos do cineasta Luis Buñuel: homens trepados em escadas golpeando os galhos das oliveiras, mulheres as coletando, no chão).
Os preços também são elevados --pagam-se R$ 36,90 por 500 ml do Olivas do Sul, na Casa Santa Luzia, por exemplo, valor próximo do que se paga num azeite mediano português.
Mas, de um país 100% importador, durante toda a sua história, hoje o Brasil pode atender a 1% da demanda do consumo interno. Para o pesquisador Nilton Caetano, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas, se for mantido o crescimento linear que o setor apontou nesta última década, o Brasil poderá suprir a demanda interna em até 20 anos.
Fontes:FolhaUol
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