Macia, saborosa e rica em proteína: com essas definições você já imagina uma suculenta picanha. Pode até ser, mas esses adjetivos combinam ainda mais com a carne de coelho. Famosa e muito consumida na França e Espanha, a carne de coelho não faz parte do dia a dia dos brasileiros. Prova disso é o consumo por habitante. Enquanto a carne bovina e o consumo de aves chegam a cerca de 40kg por habitante ao ano (cada uma) - seguidas da carne suína (13kg), a quantidade de carne de coelho consumida é de aproximadamente 100g por habitante a cada ano.
Segundo o presidente da Associação Científica Brasileira de Cunicultura, Luiz Carlos Machado, os brasileiros ainda não conhecem o sabor e os benefícios da carne de coelho. “Não faz parte da nossa cultura esse tipo de alimento. É comum ouvirmos as pessoas dizerem que é um bichinho muito bonito, que não dá para consumi-lo”, explica.
Essa dificuldade deve-se ao pouco conhecimento sobre este alimento. No final da década de 80, a cunicultura no Brasil teve um grande destaque – os rebanhos chegaram perto de 1 milhão de coelhos. Hoje temos cerca de 300 mil animais distribuídos, em sua maior parte, no Centro-Sul do país. “A carne de coelho ainda não foi descoberta – essa é a dificuldade do setor crescer aqui. Depois que as pessoas experimentam, não há dúvidas sobre a qualidade e os benefícios”, afirma Machado.
Entre os principais benefícios da carne de coelho estão: grande quantidade de proteína, excelente valor biológico que garante uma boa digestão, sabor leve (semelhante a carne de frango), baixo teor de gordura e de colesterol, e grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados, que protegem o coração e fortalecem o sistema imunológico.
Para que a carne de coelho seja de boa qualidade e se apresente em boas condições e com um bom aspecto, o animal deve ser abatido para consumo quando apresentar um aspecto geral adequado, ou seja, que esteja sadio, forte e apresente boa aparência.
Para garantir a qualidade da carne é preciso estar atento aos cuidados com o coelho. “Eles precisam ter uma alimentação balanceada e de qualidade, por isso trabalhamos com a pré-seleção e análise de cada ingrediente: com formulação adequada de fibra, energia, vitaminas, aminoácidos e outros nutrientes”, destaca Érika Miklos, gerente de produtos da Evialis. Uma ração de qualidade previne problemas digestivos que podem prejudicar o abate animal e consequentemente um bom rendimento de carne ao produtor.
Pequenas alterações na fibra, por exemplo, podem causar desordens digestivas muito prejudiciais aos coelhos. A utilização da proteína não é somente influenciada pela digestibilidade e correta utilização de aminoácidos, mas também deve-se levar em conta a relação entre proteína e energia para se garantir o correto desenvolvimento do animal e deposição de carne.
Mercado restrito
No Brasil, a falta de frigoríficos abatedouros torna a atividade de abate ilegal em muitas regiões. “Hoje temos abatedouros em poucos estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Para os produtores serem competitivos no preço, eles precisam que o local de abate seja próximo ao local da produção. Como temos essa dificuldade, os custos com transporte ficam altíssimos, inviabilizando a produção. A partir disso, alguns cunicultores abatem sem quaisquer fiscalização”, declara Machado completando “Estamos trabalhando na articulação do setor para maior profissionalização e divulgação dessa importante fonte de proteína animal.
O estado de São Paulo e do Rio Grande do Sul são hoje os principais pontos em potencial para o mercado de cunicultura. “Ainda temos um consumo muito elitizado – influenciado pelo aspecto cultural e acesso de informações. Nosso objetivo é disseminar esse assunto e aumentar a nossa participação no mercado nacional com a aceitação da carne do coelho na mesa dos brasileiros”, finaliza.
Fonte:Gastronomiaenegocios
Fonte:Gastronomiaenegocios
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