terça-feira, 10 de maio de 2011

Bambu: Matéria prima do futuro

Em qualquer sociedade, o artesão tende a ser o elemento mais feliz, pois pega qualquer material, como o bambu, e transforma-o num artefato em algumas horas, o qual logo se adiciona à riqueza do país.

No princípio, o bambu era considerado planta sagrada. Os chineses o utilizavam apenas em cerimônias de nascimento, casamento, iniciação de magos e morte. Acreditava-se que o espaço vazio entre um nó e outro era tão puro que os anjos, ao visitarem a terra, ali se hospedavam.

A partir de 684 a.C, tornou-se fonte de muitas aplicações. Deles, os asiáticos obtêm alimento, vestuário, moradia e medicamentos. O bambu é uma gramínea de rápido crescimento, neutraliza carbono e restaura o vigor da terra, garantindo sustentabilidade.

O bambu tem propriedades mecânicas e estéticas que lhe permitem competir com madeira e aço em determinadas áreas da construção civil, no artesanato e outras aplicações.

Na atual crise sócio-econômica, o bambu é visto como um material atraente devido ao seu baixo custo, durabilidade e versatilidade. Entre os países cultivadores da planta, o Brasil possui uma das maiores coleções de espécies nativas.

• Preocupação com a Sustentabilidade
No município de Piedade, próximo a Sorocaba e incrustado na Mata Atlântica, encontra-se o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Taipal, uma ONG dedicada à preservação do ambiente e divulgação da permacultura.

Conhecida nacionalmente por ser a maior produtora de alcachofra e kaki-fuyu, e responsável por cerca de 30% de hortaliças e frutas fornecidas ao CEASA São Paulo, Piedade possui uma natureza exuberante e um saudável clima de montanha. O IPD Taipal está engajado na preservação e permanência desse patrimônio natural em prol da sobrevivência das populações futuras.

O arquiteto Eugênio Paixão, presidente da Taipal, tem seguido os princípios da bioarquitetura na construção da sede da entidade. Tijolos, portas e vigas são provenientes de demolição, bambu para suportar o teto vivo, um jardim e adobe para o piso.

O trabalho com bambu teve início em 2005 através de um projeto realizado na Pousada Ronco do Bugio, em parceria com o IPD Taipal; um curso foi ministrado sobre plantio, colheita, tratamento e aplicação de bambu a dezenas de participantes. Aquele esforço resultou na implantação de algumas oficinas artesanais, das quais duas foram visitadas pela revista Habitare.

Existem alguns bambuzais que fornecem matéria prima para essas oficinas. Alguns planos estão em andamento para uma organização que permita definir linhas de produtos de bambu com o uso de algumas máquinas para se conseguir eficiência. É necessário investir em treinamento de pessoal para promover a prosperidade municipal, tendo em vista a sustentabilidade e a diversidade de talentos e interesses individuais. As sementes plantadas em 2005 germinarão em 2009.

Os proprietários de bambuzais serão orientados quanto ao correto manejo (corte periódico) das diversas espécies para prolongar a vida do bambuzal. A Prefeitura de Piedade já ofereceu um curso de capacitação de plantadores e artesãos, cobrindo desde o plantio até o tratamento e utilização do bambu.

fonte revistahabitare

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